sexta-feira, 11 de maio de 2012

Princípios Gerais para o Tratamento das Relações entre Fala e a Escrita


Neste livro podemos observar as relações entre fala e a escrita, a oralidade e o letramento. A distinção entre fala e escrita vem sendo feita na maioria das vezes de maneira ingênua e numa contraposição simplista,todos nós ouvimos muito mais do que escrevemos ou lemos, mas o peso dessas práticas não é o mesmo sob o ponto de vista dos valores sociais.

Neste segundo capítulo aprofundam-se noções importantes distinguindo-se entre oralidade e letramento, de um lado, e fala e escrita do outro. Essas distinções buscam esclarecer que a oralidade e letramento são duas práticas sociais em que nos portamos como seres sociais falando e escrevendo ou ouvindo e lendo. O letramento tem muito mais a ver com as práticas da escrita do que com sua aquisição, pois as pessoas podem ser letradas mesmo sem ser formalmente alfabetizadas.

Princípios Gerais para o Tratamento das Relações entre Fala e a Escrita

Por:Luiz Antônio Marcushi e Angela Paiva Dionisio

Falamos mais do que escrevemos. Toda a atividade discursiva e todas as práticas linguísticas se dão em textos orais ou escritos com a presença de semiologias de outras áreas, como a gestualidade e o olhar, na fala ou elementos pictóricos e gráficos, na escrita.
Basta observarmos o nosso dia-dia, contamos histórias, cantamos, escrevemos bilhetes, falamos ao telefone, fazemos anotações entre outros.
É com base nesse ponto de vista que os ensaios contidos neste livro tratam as relações entre oralidade e letramento, de um lado e a escrita de outro.
A língua é um dos bens sociais mais preciosos e mais valorizados por todos os seres humanos em qualquer época, povo e cultura. É uma prática social que produz e organiza as formas de vida, as formas de ação e as formas de conhecimento.
Mais do que um comportamento individual, ela é atividade conjunta e trabalho coletivo, contribuindo de maneira decisiva para a formação de identidades sociais e individuais.
Tendo em vista o trabalho com a língua em sala de aula, sabemos que  a língua escrita é mais estudada, porém em nosso cotidiano a língua oral é mais usada. Além disso, a criança, o jovem e o adulto já sabem falar com propriedade e eficiência comunicativa, sobretudo no período inicial da alfabetização, já que a fala tem modos próprios de organizar, desenvolver e manter as atividades discursivas.
Ambas têm um papel importante a cumprir e não competem, cada uma tem sua arena preferencial, nem sempre fácil de distinguir, pois são atividades discursivas complementares.
Cada um tem sua história e seu papel na sociedade, tudo isso justifica que a escola se preocupe com a linguagem oral com maior seriedade e cuidado.
Considerando que a variação linguística é natural e comum em todas as línguas, todas as línguas variam, não devemos estranhar as diferenças existentes entre os falantes do português nas diversas regiões do Brasil.
A intenção do livro é mostrar que os usos da língua são variados, ricos e podem ser muito criativos. A língua constitui-se de um sistema de regras que lhe subjaz e deve ser obedecido, do contrário as pessoas não se entenderiam.
Existem regras a serem observadas tanto na fala como na escrita, mas não impedem a criatividade e a liberdade na ação lingüística das pessoas. A língua tem um vocabulário, uma gramática e certas normas sociais e necessidades cognitivas adequadas á situação concreta e aos interlocutores.

A melhor forma de observar a relação fala - escrita é contemplá-las num contínuo de textos orais e escritos ,seja na atividade de leitura, seja na de produção. Em certos casos, fica difícil distinguir se o discurso produzido deve ser considerado falado ou escrito.
As diferenças entre oralidade e escrita podem ser mais bem observadas nas atividades de formulação textual manifestadas em cada uma das modalidades, e não em parâmetros fixados como regras rígidas.
Não existe uma preposição, um pronome, um artigo, uma forma verbal, etc. , que seja exclusiva da oralidade ou da escrita. Trata-se de um contínuo de diferenças e semelhanças entrelaçadas, como a fala tem suas estratégias preferenciais a escrita também.
Tanto a fala como a escrita variam de maneira relativamente considerável. A sociolingüística já se ocupava com a variação na fala, mas a escrita pouco foi observada sob esse aspecto, já que sempre se disse que a escrita era homogênea e estável.
Tanto a fala como a escrita seguem o mesmo sistema linguístico.Nesse caso afirma-se que não há dois sistemas linguísticos diversos numa mesma língua, um para a fala e outro para a escrita.
A escrita se manifesta como grafia com sinais sobre o papel, a pedra, a madeira, etc., e a fala com o som. Mas esta diferença, como lembram os linguistas alemães Koch e Osterreicher, não atinge fenômenos especificamente linguísticos, tais como a sintaxe ou a fonologia, nem a organização textual no nível da coesão ou da coerência.

As observações feitas até aqui mostram que há aspectos sistemáticos interessantes a serem analisados na relação entre a oralidade e a escrita. Não é de hoje que se procura investigar as relações entre a fala e a escrita. Mas, foi nos últimos 30 anos que a dedicação sistemática ao tema tomou corpo, e, nesse período, surgiu a maioria dos estudos que hoje dispomos, particularmente no Brasil. Na verdade toda análise da relação entre a fala e escrita ficou bastante prejudicada na lingüística, em função da idéia que a fala se dava no âmbito do uso real da língua, o que impedia um estudo sistemático pela enorme variedade.

Tanto a fala como a escrita acompanham em boa medida a organização da sociedade. Isso porque a própria língua mantém complexas relações com as formações e as representações sociais.
Fala e escrita são envolventes e interativas, pois é próprio da língua achar-se sempre orientada para o outro o que nega ser a língua uma atividade individual.
Existem sociedades que valorizam mais a fala, e outras que valorizam mais a escrita. A única afirmação correta é que a fala veio antes da escrita. Nem por isso, a escrita é simplesmente derivada da fala. São valores que podem variar entre sociedades, grupos sociais e ao longo da história.

Neste capítulo o autor explica com facilidade o estudo da fala e da escrita.
Percebemos que a fala é mais usada em nosso cotidiano por conta de uma conversa oral, uma conversa por telefone, por cantar músicas etc.

A parte escrita fica por conta de um recado, uma conversa por internet, um e-mail, um trabalho escolar. Observamos a importância de cada uma, que papel cada uma exercem, quais os principais aspectos de cada uma, entre outras funções.

Cada um tem o seu papel na sociedade, as línguas variam e não devemos estranhá-las. Segundo os autores em algumas sociedades a fala é mais valorizada do que a escrita, e vice-versa, isso depende dos valores propostos por cada ser humano em suas questões sociais e sua história.


Siliane Camargo

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